Como Desenvolver sua Assertividade
- Posted by Vera
- On 09/05/2019
O que é ser assertivo?
Existe muita polêmica ao redor do conceito de assertividade. Parece incrível, mas existem ainda muitas pessoas que acreditam que assertivo é “acertar”; outras pessoas conhecem o conceito mas, na prática, agem na tentativa de serem assertivos e acabam escolhendo uma postura agressiva, tipo “sincero até demais” ou uma postura passiva tipo “bonzinho demais”, ou seja, o agressivo peca pela falta de empatia e o passivo exagera na dose da empatia.
Essa confusão no ambiente corporativo, muitas vezes, é causada pela própria cultura organizacional que deseja agilidade nos resultados mas possui uma gestão baseada na “vitimização e busca de culpado” e, por outro lado, exige uma “postura assertiva” dos seus profissionais na solução dos problemas.
Porém, o que todos devem saber é que assertividade é um ingrediente relevante das competências sociais e que determina o sucesso de um profissional e da empresa no mundo atual, pois todos ganham muitos benefícios, e vale a pena destacar alguns deles aqui, como:
- Mais agilidade emocional e, consequentemente, equilíbrio nas decisões;
- Mais agilidade nos processos e ações mais focadas na solução;
- Objetividade e sensibilidade para analisar contextos, fatos e dados;
- Postura madura e consciente para avaliar situações e pessoas na tomada de decisões;
- Autoconfiança, firmeza e coragem para enfrentar situações difíceis, e
- Autoestima equilibrada e qualidade de vida por viver uma vida coerente com seus valores e propósitos.
Por isso, resolvi escrever este guia completo para ajudá-lo a desvendar os mitos e entender o que é e o que não é assertividade como, onde e quando usá-la em sua vida pessoal e profissional.
Assertividade significa asserção, fazer afirmação firme baseada na verdade.
Ser assertivo é a capacidade social de expressar livremente, com responsabilidade, autoconfiança e respeito, as suas ideias, seus sentimentos e suas expectativas nos diversos relacionamentos, sem rodeios, sem constrangimento, sem ansiedade e sem ferir o outro.
Por incrível que pareça uma pessoa assertiva comete erros, porém quando isso acontece, ela assume responsabilidade pelos seus próprios erros e vai buscar a correção, sem culpar outras pessoas.
Assertividade é dizer e fazer a coisa certa, para a pessoa certa, na hora, no local e da maneira certa.
Vale a pena ser assertivo pois a assertividade movimenta uma pessoa a ir para frente e realizar seus objetivos, reforçando positivamente seu autoconceito e autoestima.
Este é o ciclo virtuoso da assertividade: enfrentamento da situação, atingimento do objetivo, feedback positivo e autoconfiança para agir novamente.
A relevância da assertividade
Assertividade é um ingrediente de extrema relevância na construção da confiança entre pessoas e na construção de ambiente seguro psicologicamente, tornando possíveis as negociações ganha-ganha, gestão de conflitos eficazes, resolução de problemas com inovação e criatividade , tomada de decisões imparciais e lúcidas, troca de feedback com a sensação verdadeira de “presente”, e finalmente, o trabalho de equipe saudável.
Você pode perceber que pessoas assertivas possuem um jeito diferente de pensar e de enxergar a vida, os relacionamentos e de tomar decisões.
Os desafios das situações difíceis
Todos nós nos defrontamos com situações difíceis onde gostaríamos de dizer o que pensamos e sentimos sobre aquela pessoa. Alguns decidem recuar para não criar conflito, permanecendo na pseudo zona de conforto.
Outros decidem não levar desaforo para casa, decidem não usar mais seu freio emocional. O que acontece nas duas situações? A sensação é a perda de autonomia emocional.
Comportamentos como:
- não expressar o que realmente você pensa e deseja,
- ficar sempre em cima do muro em momentos que exigem firmeza nas decisões,
- desconfiar de tudo e todos,
- enxergar as coisas, situações e pessoas, normalmente, com o viés do medo ou da raiva excessiva
são reflexos de um posicionamento defensivo, o que leva uma pessoa a acreditar que viver é uma verdadeira ameaça.
Isso é pura falta de assertividade, atingindo diretamente o seu equilíbrio emocional e causando desconforto nos seus relacionamentos diários da sua vida, seja com a família ou seja no trabalho.
E você, sente que tem controle da sua vida? O que você planejou, aconteceu? Olhando para trás, como você vê os impactos das escolhas feitas na sua vida?
Você tem feito escolhas conscientes ou inconscientes? Você tem sido assertivo ou defensivo nos seus relacionamentos?
Você só saberá o impacto de suas escolhas no passado, olhando como está sua vida no presente. E somente tendo consciência dessas escolhas que você poderá, daqui para frente, mudar o rumo de sua história para melhor.
Aplicabilidade da Assertividade
A assertividade remonta da década de 1970, período em que os terapeutas criaram um protocolo para tratar seus pacientes que sofriam de ansiedade, utilizando a assertividade como solução terapêutica e apoiada na psicologia cognitiva. Os terapeutas diagnosticaram nesses pacientes dificuldades de expressão como: dizer Não, dar limites, expressar sentimentos negativos e preocupação excessiva com a satisfação das expectativas dos outros. Perceberam que ao desenvolver a assertividade, os pacientes libertavam-se dessas amarras emocionais e crenças limitantes.
A partir dos anos 2000 a assertividade entrou para valer no mundo corporativo, e eu tive a satisfação de contribuir com a evolução dessa competência através do lançamento do meu livro “Seja Assertivo” lançado em 2005 e dos workshops que coordenei nas muitas empresas que trabalhei e que ainda continuo desenvolvendo, como consultora.
Daniel Goleman mostra que a quinta habilidade da inteligência emocional, a gestão dos relacionamentos, tem como base uma comunicação empática, clara e verdadeira, que é a comunicação assertiva. Com isso, podemos concluir que a comunicação assertiva alimenta o ciclo virtuoso da inteligência emocional. É nesse ponto que essas duas competências “soft skill”, comunicação assertiva e inteligência emocional, se interligam e alavancam sua carreira e sua vida pessoal. Para ser assertivo você precisa ter inteligência emocional, e para ser inteligente com suas emoções, você precisa ser assertivo.
Posturas na tomada de decisão
O que leva um profissional a ser assertivo ou não, em uma situação difícil?
Quais são as posturas que uma pessoa pode adotar? Como se dá sua escolha? Vou dar um exemplo.
Imagine-se nesta situação:
Em um passado recente, você foi bastante elogiado pelo sua performance no atingimento de excelentes resultados. Porém, você foi designado para um novo projeto, mas, durante o desenvolvimento, você se deparou com condições precárias para obter sucesso no seu trabalho, e por vezes, deixando-o muito inseguro na sua execução. Mesmo assim, você tentou dar o seu melhor sem fazer reclamações sobre falta de informações, falta de apoio da direção e erros na configuração do projeto. Você preferiu ficar quieto, acreditando estar correto na sua postura de “se virar sozinho”.
Ao final, você recebeu um feedback totalmente negativo, condenando a sua performance. Você se sentiu muito mal, e logo pensou na sua imagem perante todos. Você ficou bem arrasado.
Num primeiro momento você sentiu um misto de raiva pela injustiça, vergonha e medo do que poderiam pensar a seu respeito.
Como agir diante dessa situação? Você pode escolher dois comportamentos: ser defensivo ou ser assertivo.
Se você escolher o comportamento defensivo:
Se você agir por escolha inconsciente, impulsionado puramente por uma emoção aflitiva, tais como raiva e medo, é provável que você escolherá o comportamento defensivo e certamente se colocará na posição de vítima. Seu comportamento poderá ser:
- Agressivo
- Passivo
- Passivo-agressivo
Se escolher o comportamento agressivo, é provável que você cobrará as pessoas sobre o prejuízo que lhe causaram com a falta de informações e mal desempenho.
Se escolher o comportamento passivo, é provável que você desistirá do projeto, pedirá desculpas pelo resultado ruim e por não atender às expectativas do seu gestor. Pode ser que você, inclusive, peça demissão, como uma forma de fugir da situação.
Se escolher o comportamento passivo-agressivo, é provável que você “subirá no salto alto” e fará ironias com as pessoas, insinuando o quanto é difícil trabalhar com pessoas confusas e incompetentes. Poderá, inclusive, pedir demissão, como vingança, querendo com isso mostrar o quanto você é superior a todos e que não precisa desse emprego. Sabe aquela frase? “Esta empresa não me merece!!!”
Você talvez nem perceba, mas sua razão não estará no controle da situação e sim as suas emoções negativas, principalmente a raiva. Com a raiva permeando sua percepção, você tornará a realidade totalmente distorcida. E você precisará se armar de mecanismos de defesa para sobreviver à sua dor emocional, causada pela sensação de incapacidade.
Não quero com isso dizer que medo e raiva sejam emoções ruins, mas aparecem como forma de proteção contra suas dores emocionais.
O que eu quero mostrar é que, em uma situação como esta, medo e raiva podem facilmente fisgá-lo e levá-lo para um caminho defensivo, caminho esse onde suas reações serão improdutivas e causarão um estrago à sua autoestima, alimentando-a com vingança, mágoa e vieses que enganarão sua autoconsciência.
Tenha certeza, nada ficará resolvido porque os nutrientes dos seus pensamentos serão negativos, e esses pensamentos podem retornar em situações similares influenciando em suas escolhas e decisões, impedindo-o, muitas vezes, de atingir suas metas e realizações.
Podemos entender, assim, porque existem muitos profissionais mal resolvidos, pessimistas, “puxadores de tapete”, não colaborativos e que são facilmente percebidos pela linguagem de conflito que normalmente utilizam como estratégia de proteção (ataque e fuga).
Consequências do comportamento defensivo
a) Acúmulo de pendências emocionais
Nosso emocional funciona como uma contabilidade de crédito e débito, onde você vai contabilizando perdas e ganhos:
- Ganho é tudo aquilo que lhe causa satisfação e realização
- Perda é tudo aquilo que lhe causa desconforto e, não bem solucionado, se torna uma pendência no seu emocional, e que podem levar ao stress emocional.
O acúmulo de pendências emocionais atrapalham sua imparcialidade e flexibilidade em situações de tomada de decisões.
b) Perda de foco
Enquanto a pessoa está focada em procurar o culpado dos seus problemas, seu pensamento está negativo, suas energias são roubadas para “ataque ou fuga” e a solução normalmente não é eficaz e efetiva.
c) Falta de transparência
A pessoa defensiva se enche de “segredos” porque precisa esconder seus verdadeiros sentimentos de inadequação e incompetência, através dos seus mecanismos de defesa.
d) Criação de conflitos improdutivos
A pessoa defensiva atrapalha a sua vida e a das pessoas que trabalham e interagem funcionalmente com ela, gerando desconfiança e distanciamento.
e) Resistência às mudanças
É típico do comportamento defensivo ser reativo às mudanças pois seu desejo maior é não correr o risco de sofrer novamente aquele dano emocional.
Assim, para se proteger, a pessoa defensiva prefere permanecer na zona de conforto, apresentando algumas reações como: pessimismo, do contra, negativismo, indiferença, fingindo apoio, fofoca, etc. Você conhece alguma dessas atitudes?
f) Influência negativa
No dia a dia, todos nós queremos influenciar pessoas através da nossa comunicação.
Queremos convencer e persuadir as pessoas sobre o que sentimos, pensamos e queremos dos outros.
Uma pessoa defensiva usa estratégias comunicacionais nem sempre respeitosas e positivas, seja agredindo, seja se submetendo ou seja manipulando e seduzindo os outros.
Afinal, o que uma pessoa defensiva quer das pessoas para obter o seu SIM?
- O agressivo se mostra forte na postura, nas palavras e usa mais poder do que tem porque quer neutralizar sua resistência e causar temor para impor sua vontade;
- O passivo se mostra frágil e dócil porque quer obter compaixão e, às vezes, fazer o outro se sentir culpado e resolver seu problema, e
- O passivo-agressivo se mostra ambíguo porque quer, de forma subliminar, neutralizar as objeções e vontades do outro, através da sedução e manipulação emocional, para conseguir sua concordância e chegar aos seus objetivos, sem considerar os interesses do outro.
Você percebe o quanto a assertividade pode lhe dar mais credibilidade e sua presença ser mais contributiva e agradável? Ser assertivo é pensar diferente, sentir e agir diferente.
Se você escolher o comportamento assertivo:
Bem, voltando ao nosso exemplo, se você escolher conscientemente ser assertivo, provavelmente você agirá da seguinte forma:
1º) Você vai assumir que a situação lhe causou total desconforto e fará contato com sua raiva, medo e tristeza.
2º) Você vai avaliar a situação para entender o que aconteceu, e assumir a responsabilidade pelos seus erros e entender a responsabilidade dos outros.
3º) Você vai se preparar para um confronto assertivo com seu gestor. Como?
- Primeiro, tendo compaixão consigo e listando todas as realizações que você já alcançou para reforçar sua autoestima de forma positiva.
- Segundo, aceitar que nessa situação você cometeu alguns erros causados por você e por terceiros.
- Terceiro, pensar nas alternativas de solução a serem negociadas com seu gestor, que podem ser:
-
- No pior cenário, você sai do projeto
- No melhor cenário, você realinha as expectativas e continua no projeto com o apoio do gestor com um novo alinhamento de suas responsabilidades.
Enfim, você pode ter uma nova oportunidade de mudar o rumo da sua história e resgatar seu sentimento de competência.
4º) Você vai encarar a situação de frente e se reunir com seu gestor para uma conversa decisiva, onde você vai ser sincero no seu posicionamento. Assumirá sua parte no problema e, sem acusação, deixará claras as dificuldades causadas pelos colegas, e juntos, tomarão uma decisão.
O que você ganha ao resgatar seu sentimento de competência?
Você vai sentir um grande alívio e orgulho da sua coragem de enfrentar uma situação difícil com a cabeça erguida.
Esta escolha consciente e assertiva fortalecerá seus recursos emocionais, dando-lhe resiliência para enfrentar situações de risco, levando-o a resolver o que tem que ser resolvido.
Vale mesmo a pena ser assertivo! Comece já!
Como ser assertivo?
Mapeie as situações e relacionamentos nos quais você tem encontrado mais dificuldade de lidar. Avalie seus pensamentos ruins que bloqueiam sua coragem de correr riscos e crie estratégias assertivas para resolver definitivamente suas pendências. Siga estes seis passos e crie uma nova história para sua vida.
Saiba como você pode aumentar sua credibilidade, sua autoconfiança e seu poder de influenciar as pessoas fazendo o download do e-book Você é Assertivo?
Um grande abraço
Boas reflexões!
Vera Martins